segunda-feira, 25 de julho de 2011

De volta

Ouvi a buzina da moto passando pelo meu carro como se o motorista estivesse esquecido de tirar a mão. Esfreguei os olhos e vi o caos proclamado no céu que não se conseguia distinguir do asfalto. A cor cimento era cortada pelos fios elétricos e corrosivos comunicando que enquanto as pessoas andam a margem do rio, os acontecimentos não param, nem para dormir. Sem descanso, observo a velocidade do pneu rodando em círculos. A cabeça em manobras tentando calcular uma maneira de chegar em casa viva.

Destranco a porta e ali não tem silêncio. Na ausência de branco, as cores fazem festa sem perdão. O porteiro não sabe o meu nome e eu nem faço questão. A vizinha grita incrédula com o namorado. Um som alto, vindo de longe, me dá a sensação de que não é mais um domingo a tarde (tem gente acreditando fielmente em uma sexta a noite).

Tiro os sapatos que me apertam. Ligo o aquecedor para um banho rápido. Me pego pensando em todas as amizades que um dia conquistei e dá mesma maneira estão partindo (meu coração) para longe de mim sem que eu possa controlar. O barulho do secador nos meus cabelos é como se ele estivesse passando a mão em cada fio, com carinho e dizendo baixinho: - estou aqui, mas não se esqueça que uma amizade deve vir em primeiro lugar.

Meu pescoço dói. Insisto que já deveria ter trocado o travesseiro. Que as consultas na acupunturista foram mesmo inúteis. Que os exercícios também vão me ajudar com o vigilantes do peso. Que os resultados podem aparecer, mas é tudo muito lento.

Acordo em pânico, como se estivesse sido roubada. Os dedos inchados como se a aliança pudesse explodir a qualquer momento. Ficam-se os dedos... Não por coincidência todas às vezes que escutei Amy algo de novo virou minha vida do avesso. Parafraseando-a pela última vez: Back to Black. Contagem regressiva para a vida que está por vir.

Nenhum comentário: