Lembrar ou não se esquecer?

A cada dia tenho pensado em me deletar das redes sociais. Tenho pensado seriamente em sumir por um tempinho.

Voltar a lembrar dos aniversários dos amigos sem ter um programa de computador não me deixando esquecer.

Deixar de repetir (automaticamente) o ato de abrir e fechar o facebook para ver se deixaram algum recado para mim, um recado para Ana, um recado pro primo da Ana, até um recado para aquele colega do amigo do primo da Ana que cruzei uma vez na balada e já me adicionou como amigo.

Penso que quando eu parar de perseguir desesperadamente alguma novidade, isso sim será novidade.

E se ninguém souber notícias minhas, se fui jantar num restaurante japonês ou se preferi ficar em casa assistindo um filme alugado pela oitava vez, quando ninguém mais souber, quem sabe irão ligar para perguntarem: tem programa para hoje? e quem sabe eu até volte a atender os telefonemas com voz de surpresa: nossa, quanto tempo, que bom ouvir sua voz.

A cada dia tenho pensado em parar de interpretar as pessoas, principalmente aquelas que amo, e ousar imaginar o que está por trás de cada vírgula dos scrapts ou nicks sem sentido mas perfeitamente capazes de queimar meu cérebro em busca da resposta: qual foi o tom ou a motivação que o levou a escrever cada uma daquelas palavras?

Ao mesmo tempo me pego pensando: como posso me excluir do meu mundo? vou perder contato com meus 310 amigos intimos de um clique para o outro? quanto tempo leva para uma carta ser selada, chegar ao correio e atravessar o País? Será que, assim como eu, tudo está ficando para trás?

Eu não me esqueço de você nenhum momento, mas sabe, também estou bemmmm cansada de lembrar