quarta-feira, 21 de março de 2012

Nossos julgamentos de todo o dia

O homem que ficava parado com um dos pés encostado na parede observando as pessoas subindo e descendo a rua movimentada, a mim, parecia mais um traficante. Gordo, barbudo, de aspecto sujo, com seus óculos escuros que não deixava nenhuma expressão ser revelada, metia medo. Lamentava ser ali meu único caminho e ansiava a manhã que ele tivesse trocando drogas por grana e eu estivesse passando bem no exato momento causando um certo constrangimento. A mim, nunca a ele.

Certo dia, quando meu alarme gritava perigo eminente, respirei fundo, prendi a respiração, acelerei o passo, mas antes de conseguir abaixar a cabeça ouvi um bom dia, moça, dos mais bem educados. Neste momento, olhei para trás, e o que vi foi o tal traficante deixando de ser um homem mal e passando a ser apenas o segurança de uma clínica de estética. Apenas um rapaz que ganha para ficar ali na rua, encostado na parede, e não deixar ninguém se aproximar.

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