Ando de um lado para o outro e só o que vejo é a ausência de você.
O seu não-rosto, o seu não-cheiro, o seu não-modo desajeitado de dizer obrigado pelo o que eu tentei fazer para te agradar e nunca consegui.
O não-você está em todos os lugares. Naquilo que eu não me transformei e em tudo que nunca serei embora você tenha passado anos desejando que eu mudasse, ou que não tivesse mudado tanto, voltando simplesmente ao que era antes.
Talvez, por isso, eu já dançe com a solidão. Venho ensaiando passos que mesclam o bolero de buenos aires que não gostei do que vi com o xote das meninas de Fortaleza que me lembra o quanto fomos alegres um dia. Totalmente fora de ritmo, constância e equilíbrio. Completamente incompleta, sem o braço da vassoura da gata boralheira para dar suporte.
Logo, o que me acompanhará será o seu não-sorriso, o seu não-olhar meio de lado, o seu não-beijo de boa noite deixe que eu cubro os seus pés.
Na segunda, desejarei que seja sexta. No sábado, desejarei que logo chegue segunda. Na cama, desejarei que amanheça. No sofá, desejarei que chegue meia noite e já seja hora de dormir. No verso, desejarei passar a ferro cada gesto antigo. No que resta, desejarei voltar a respirar como se fosse o ato mais natural do mundo.
Porque gente não é para se prender e só um pensamento me comove: se existimos é por alguma razão ou em busca de qualquer emoção, se existimos, no mais completo sentido da palavra, é para dar um pouco de felicidade a quem convive com a gente, é para tentar fazer que o outro alcance o sim, mesmo que você tenha que antecipar o não.
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