domingo, 12 de outubro de 2008

ik libie dich

Depois de uma semana camelando pela Alemanha, enquanto o euro aumentava 3x em relação ao real, os 58 alunos da Miami começavam a reunir suas turmas de trabalho e fazer o primeiro soccer pôster, e a temperatura oscilava de 23 a 11 graus deixando qualquer um sem resistência. Nós, os sem-tetos, éramos os mais prejudicados com essas mudanças.
Todos os dias fazendo e desfazendo malas, check-out às 10h e check-in às 4h, e uma tentativa mais que frustrada de explicar pra uma alemã lazarenta que somos clientes fiéis e que ficaríamos na recepção até que ela nos arranja-se qualquer lugar pra dormir.
O fim dessa missão diária culminava em tomar um banho quente e correr pra cama porque no outro dia tínhamos mais imobiliárias pra visitar pela frente.
Nessa altura do campeonato já tínhamos gastado as 4 rodas mais o estepe do Fiestinha. E mesmo assim, teve um dia que tivemos que dividir um quarto de 6 camas com um Argentino, o Paulo.
E lá vai eu gastar todo meu inglês, dormir de calça jeans, e esperar os homens do recinto dormirem pra não me verem roncando horrores; enquanto o nego não parava de repetir caçoando: Maradona, Maradona, Pelé....
Às 7h da manhã, o despertador do celular tocava, acordávamos com muito esforço pra ir a alguma imobiliária. Aqui funciona assim. Eles pedem todos seus documentos, tiram Xerox, olham passaporte, pegam o cartão de crédito e fazem você assinar vários papéis em deustch (ou seja, você não faz nem idéia do que está assinando) e se você fizer negócio com o proprietário que significa marcar uma entrevista e ele gostar da sua cara (o que parece fácil, mas não é), você paga uma comissão de 40% pra imobiliária.
Hamburgo é maior que Goiânia, nem na Copa do mundo você ficaria sem ter onde morar: foram as palavras do meu pai. Ele esqueceu de analisar simples fatos: para 2 pessoas, por 2 meses, na região da escola, não dá pra pedir muito. It is full, está cheio, six months or more, menos de 6 meses impossível, Just for one, só pra um e olha lá.
E por aí foi.
No dia 10/10 excepcionalmente às 10h da manhã consegui o contato de um Cônsul da República Dominicana.
No caminho da escola liguei para o Consulado e marquei de ver um quarto de 23 m2, duas quadras da escola, perto de um jardim lindo, pontes e lagos, e nada disso importava se ele não tivesse dito as palavrinhas mágicas: pode mudar agora.
Combinar de ligar em 1 hora pra dizer como ia me mudar.
Corri com o nego pra pegar as malas e quando vi os créditos do meu celular tinham acabado. Como assim: acabei de comprar um Vodafone?
Tá bom. Lá vamos nós. O nego carregando meu Air-Bus 380 até a Central Station e mais um quilo de malinhas menores depois de ter feito o seu primeiro trabalho europeu de “oreia seca” limpando os fundos de uma padaria fedorenta.
Chegamos na Central Station, ânimo, estamos quase lá. Comprei novos créditos e tentei 19 insistentes vezes ligar para o tal senhor poderoso Hans-Bosh.
Comecei a prometer tudo que via na minha frente. Se ele atender eu dou minha bota, dôo a metade das minhas roupas, deixo de comer chocolate. Chorei, esbravejei, senti frio e de novo às 10h da noite ele atende o celular. Nem acreditei.
Sir???
- Take easy. I am take you there in five minutes.
5 minutos exatos tinha um senhor com um carrão perguntando se eu esperei muito tempo. Fui logo colocando as malas pela porta de trás quando recebo um novo telefonema: Você está me vendo?
Ahhhhhh, nego, tira as malas desse carro, não é o cara, deve ser um táxi.
E o nego, abre a porta correndo e diz: Are you Bosch? Wrong, Sorry, Wrong.
Entramos no outro veículo. Dessa vez, o cara era mais parecido do que o que eu conheci pela manhã. Que bom, era o mesmo.
E ele disse que estava tarde para assinarmos as papeladas e tals e que tínhamos sorte dele ter ligado novamente ao consulado e pego meu telefone. Mas que achava melhor eu me mudar só no dia seguinte.
E onde vou dormir? Buááá. De novo não. Não volto pro A&O nem amarrada.
Ai ele disse: ia sugerir que vocês ficassem no meu hotel. De graça, free.
Na hora. Fui.
Pra quem limpou bosta de manhã, terminou muito bem em um hotel de 300 euros com frigobar a lá vonte.
Na manhã seguinte, ainda alguns vestígios de dores no corpo, mas enfim, lar doce lar.
Contratos, papeladas, burocracia...E estamos em um quarto de 98m2, da década de 40, todo estiloso, tudo de bom.

Um comentário:

Marco disse...

Só li o primeiro parágrafo ate agora, ja vou continuar... mas é que eu preciso comentar: Vocês também fazem Soccer Poster em Hamburgo? Odeio essa praga! Ja fiz um e depois de amnhã tenho que entregar o 2o! Odeio!!! Enfim, ellezinha. Espero que esteja tudo bem, adoro ler seu blog. hahahaha beijo! =*