quinta-feira, 9 de outubro de 2008

X-BURGER

Essa é minha segunda vez em menos de 1 mês na Alemanha. Provavelmente o mesmo tempo em que não escrevo contando pra vocês minhas aventuras pela Europa.
Posso me justificar dizendo que foi corrido e realmente intenso. E nessa levada, tenho até medo de garantir que minha vida de turista está com os dias contados.
Há 3 semanas atrás eu estava na Bélgica curtindo um domingo de descobertas.
Peguei um ônibus de turismo pra Bruges (significa: pontes) e dei meu primeiro passo para fora da divisa Holandesa.
A primeira parada, depois de 2 horas e meia sendo ciceroneada, foi em Ghent (capital da Bélgica). O País é 50X menor que o Brasil e é dividido em 2 estados. Augusto II é o Rei, seu rosto é prensado na moeda, diferenciando dos outros EUROS.
O povo da Bélgica é considerado preguiçoso pelos países vizinhos, mas a realidade é que levam a vida com calma e fazem de qualquer almoço um evento pra se reunir com a família e passar horas conversando sobre como foi o dia. Eles não têm pressa e com isso vão longe.
Mais 50 minutos e estamos em Bruges. Trata-se de um vilarejo que relembra cidades da Idade Média. Muito charmoso, as torres das igrejas cultuam um universo de arte, chocolates e mais de 300 marcas de cervejas belgas.
Foi um bonito passeio. Ter ido com excursão uma boa escolha, já que tudo fica ainda mais rico sabendo de toda história que está por trás destas lindas paisagens.
Optei por não dar o passeio de barquinho. Talvez faça isso aqui em Hamburgo, já que vai ser impossível conhecer tudo a pé, e com certeza uma dose de romantismo entre os Alemães não vai me fazer mal algum.
Nunca me imaginei vivendo aqui. Tudo que sabia sobre essa terra é que eles viveram sobre um regime nazista e muitos resíduos de Hitler ainda estão espalhados entre os mais velhos. Nestes últimos 3 meses estudei com alguns deles também: Maja, Thomas e Niki. A experiência que tive é que são competitivos, rudes, e não tem coração. A outra estou tendo agora: cheguei ontem de mala e cuia, aliás, com 7 malas e nenhuma força no braço pra enfrentar mais um trimestre da MIAMI. Toda vez que tentei me comunicar fui ofendida grosseiramente por garçons, recepcionistas e taxistas que se recusaram a falar em inglês comigo. O resultado foi que desabrigada não podia ficar. Na chuva e em um frio de 10 graus, muito menos. Então, sem opção, depois de camelar por quase 17 hotéis, encontrei um que me servia por 100 euros.
Deixei as malas e corri pra outro mais em conta pra garantir pelo menos a segunda noite. E aqui estou. Cheguei às 11h da manhã e o check-in só pode ser feito às 16h.
Minha paciência até que está grande demais. As minhas costas que não estão agüentando. Mas pretendo acordar bem cedo e já conseguir uma casinha pra morar com o nego ainda amanhã.
Sim, sim, ele está aqui. E para minha felicidade. Sem ele essa última semana teria sido bem mais doída.
Logo no dia em que chegou fui despejada do barco. Não por falta de pagamento, mas porque meu visto expirou. Então fizemos as malas e liguei urgente pra um colega brasileiro que nos acolheu em sua casa, com o maior amor do mundo, como sempre fez.
Então saímos do pequeno colchãozinho para um lugar muito mais acolhedor, mas que eu não podia nem respirar para não atrapalhar os outros moradores e que tive que passar à ferro um cesto de roupas do holandês em troca de não pagar aluguel. (Ao menos não foram favores sexuais, hehe). E é lógico que deixei o ferro cair e queimei o carpete do apê.
Foi uma semana incrível. Cheia de despedidas com jantarzinho na casa dos colegas de Portugal e muito sit-tour pela linda Amsterdam. Meu coração quase explodiu a cada ruazinha relembrando o quanto eu me apaixonei pela cidade.
Mas agora meu coração já tinha dono outra vez. E eu nunca me senti tão amada, querida e respeitada assim. Eu ensino inglês pra ele e ele me ensina como sobreviver em terra de inglês. E mesmo sem teto, sem destino, e com muito medo do que pode vir acontecer amanhã, me sinto amparada.
Há 2 semanas eu estive aqui. A Aninha me recebeu um dia antes de ser deportada para o Brasil. Mesmo assim ajudei ela fugir pra Londres. Sem ela duvido que eu saberia pegar um metrô por aqui. Vim antes pra resolver assuntos de visto (e marquei para o dia 9, quinta-feira) e para olhar um lugar pra ficar. Parece brincadeira, mas andei em todas as imobiliárias listadas e elas só tem quartos disponíveis pra dezembro. Conheci a Miami que fica em uma floresta, onde antigamente era a maternidade da cidade. Só de falar nisso dá pra imaginar a cara de hospital underground que aquilo tem. Conheci a St. Pauli (a rua das baladas), Rathaus (a rua do Porto, aliás, o segundo maior da Europa), e Alster (o rio mais lindo daqui), que dei uma volta de carro com a Maja, mas como nos perdemos ela me deixou no meio do caminho sem saber como voltar. Me virei.
Foi uma viagem perdida? Com certeza não.

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