quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

uma cadela chamada ellen

Hoje vindo para a escola só tinha um pensamento: e se eu aproveitasse o clima e a situação econômica desfavorável pra me congelar por 40 anos e só voltar quando meus filhos já estivessem crescidinhos. Com o frio de -9 graus parecia ser a melhor opção a se tomar.
Assim eu andava, com a cabeça baixa, procurando se as minhas orelhas não haviam caído pelo chão, quando ouvi o meu nome ser chamado insistentemente. O sotaque não me parecia conhecido, mas em um País totalmente estranho como a Alemanha nada mais se surpreenderia. Quem sabe um mensageiro teria vindo entregar pessoalmente o meu portfolio completo com um convite de emprego por uma mega agência paulista.
Aos poucos consegui virar o meu pescoço ao meio de tantas roupas e cachecóis (créc, créc, créc) esse som semelhante que fazem os meus joelhos quando ando. E quando me virei passou por mim uma cadelinha, bem das vira-latas, marronzinha, nada fofa, com o nome de ellen. Mas apesar de tanta insignificância, o dono, ficou tão feliz ao vê-la que fez meu coração se esquentar um pouquinho e ri por dentro (só me faltava essa).
As coisas não tem sido fáceis. As amigas que fiz no trimestre passado se mudaram de País. A que considerava ser minha melhor amiga largou o namorado, arranjou outra dupla de criação, começou a fumar e a beber muito. Nós nos mudamos de casa (o distante suficiente pra não dar mais pra fazer almoço pros colegas e pra não dar mais pra fazer colegas). E o Diretor que me concedeu a honra de terminar a especialização por aqui escrotizou o meu portfolio e disse se ele mesmo poderia jogar fora ou eu faria isso.
Bom, agora o cliente da Audi chegou. O doido varrido acabou de olhar pra gente e perguntar se não achamos que deveríamos mudar de profissão. Depois de 4 anos na faculdade, 3 de trabalho e 2 de especialização, uma colega também brasileira respondeu: é tarde demais, você vai ter que aguentar eu competir com você.

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