terça-feira, 23 de junho de 2009

Sinto sua falta

Até hoje não sei diferenciar água com gás da natural.
Vou até o mercado, abro o refrigerador, busco o rótulo, procuro a informação, leio que se trata de uma água mineral e de repente algum bloqueio deve acontecer que adormece os meus sentidos, e vou até o caixa pagar pela água.
Embalo, levo para casa, e ao abrir percebo que não se trata de uma água normal. Aquelas borbulhinhas teimam a me perseguir. E se não bastasse à persistência no erro borbulhando na minha cabeça, lembro do gole azedo que não mata a sede. Não a minha.
Tento mais uma vez me conectar com o mundo. Isso me faz concluir que devo o quanto antes pedir a Telefônica que coloque internet aqui em casa. Mesmo que seja cômodo “pegar emprestada” a linha do vizinho de vez em quando. Tem horas que a gente precisa conversar e ele pode ter viajado, como agora.
Foi feriado na sexta. As pessoas viajaram. E o vizinho também deve ter ido. Nem para deixar a internet ligada!
Outra conclusão vem à minha cabeça. Agora eu posso entender um pouco o que ele está passando. Ficar em casa, o dia todo, esperando uma pessoa chegar, e quando essa pessoa chega, toma um banho e vira pro lado. É desastroso! Mais perturbador do que comprar água com gás.
Eu deveria dar mais atenção às necessidades dele. Ele não está aqui de favor. Está porque quer me fazer companhia, me ajudar, me ver feliz. Mas não adianta só um querer.
Começo a andar, sozinha pela cidade, neste calor que mesmo no primeiro dia de inverno só faz aqui e sinto a falta dele pra tudo. Para empurrar as minhas costas em uma ladeira, para ficar bravo comigo quando sinto vontade de comer coisa errada, para me proteger do frio e eu reclamar do sono.
Aí ele me liga dizendo que surgiu um imprevisto e não vai poder voltar hoje.
Ao menos ele me liga, mas não vai voltar. Hoje é domingo, nada está aberto.
Ele sabe ir até o mercado e comprar água sem gás, do jeito que eu gosto.

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