terça-feira, 8 de setembro de 2009

Queria que estivessem aqui

Sonhei que andávamos de mãos dadas pelas ruas de Ribeirão.
Tínhamos uma mochila nas costas e garrafinha de água nas mãos.
Era como se cada esquina guardasse um segredo nosso, e estivéssemos aflitas para compartilhá-lo.
Eu sentia a dor de não poder pegar as coisas com a mão, encostar nelas e absorver as delícias de uma outra época.
Mesmo assim, eu não estava triste. Andávamos de mãos dadas.
Saímos do nada. Partíamos para o nada. O importante, naquele momento, parecia ser o caminho.
Às vezes algumas pessoas passavam pela gente. Pessoas que conhecemos, pessoas que deixaram um sorriso, pessoas que encheram a nossa vida de significado, um dia.
E também passaram novos rostos, desconhecidos que tentavam indicar por onde deveríamos andar para chegar mais rápido.
Algumas vezes eu largava as mãos e ia à frente. Outras vezes eu voltava a caminhar junto.
Nos abraçávamos, preenchíamos qualquer vazio a nossa frente, éramos só nós 3.
Mais jovens do que agora, mais impulsivas, mais calorosas, no entanto, totalmente perdidas.
Queria que isso não fosse apenas um sonho. Mas quando acordei só sobrou a cama quente e a boca amarga. Não sobrou mais nada.

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