Se juntar você e eu

Se juntar tudo o que já vivemos, dá história para muitos livros. De amor, de inocência, de culpa, de cumplicidade, de amizade, de intimidade ATÉ DEMAIS. A ponto de roubar comida do prato do outro ou de entregar o palitinho dos petiscos todo babado nas mãos para jogar fora. Aquelas coisas que a gente faz sem pensar e o outro também nem repara. É mais do que normal. É ficar mais de ano sem saber notícia e ter muito assunto ao colocar a conversa em dia. É aquela nítida impressão de que vocês nunca deixaram de se ver.

Se um dia eu for lê-los - nossos livros - passarei página por página repousando a minha mão com o carinho merecido, no exercício de decifrar tudo o que eu senti quando cada palavra foi escrita. Se um dia eu for lê-lo – seu espírito – sei que terei mais páginas em branco onde moram os seus sonhos e cabe a minha imaginação. Posso criar um personagem que conta os dias de trás pra frente, e que se alimenta das últimas lembranças revivendo quadro a quadro a despedida de quem não queria ir embora. Os 5 beijos no rosto, tão macios, tão doces.

Se juntar tudo o que já vivemos dá meia vida. Metade da minha história. Metade da sua história. Aquela metade que nos separamos para vivermos nossas vidas, conhecermos novas pessoas, fazermos outras pessoinhas. E que me faz voltar aos 15 anos sempre que quero ser mais feliz, um pouco mais compreensiva com a humanidade, com um olhar mais puro e justo, eternamente agradecida pelas amizades que construí e guardo em meu coração.

Se juntar eu e você todo mundo pode ver: o que é o amor. E ninguém pode julgar um amor que só acrescenta, não condena, nem pede nada em troca. Um amor que só quer o bem, que dá a vida. Inofensivo amor que só serve de inspiração para as minhas poesias.

E quando eu disse: tudo muito bonito, mas não me fez chorar. Você foi o primeiro a responder: então olhe nas fotos antigas que ela colocou na retrospectiva, e vamos ver se não se emociona. Não adiantou, mas sei do que estava falando, sei de coisas que me emocionam e muito. A oportunidade de estar ali, mais uma vez, naquele momento.