sexta-feira, 6 de maio de 2011

Super mamys (morro de inveja)

Todos os anos quando maio se aproxima eu morro de vontade de ser mãe. Aí me lembro que o mesmo acontece em outubro, quando tudo o que eu mais queria era voltar a ser criança. Por isso, (e este é só um dos motivos) creio que ainda não é a minha hora.

Cresci ouvindo que sou boazinha, que os pequenos se sentem atraídos por mim, que tenho a cabeça bem mais madura do que a minha idade, que me visto e penso como uma mãezona, mas que me falta muito para ser considerada dona de um espírito maternal. Me falta paciência.

Eu ficava brava de ser julgada pelas amigas mais próximas como se eu não tivesse nascido para esse papel e não teria capacidade de aprender. Aos poucos fui ficando convencida de que realmente era muito difícil pra mim e talvez elas tivessem razão.

Meu sono é pesado demais.
Meu plano é morar em cada canto do mundo.
Meu corpo não aguenta mais 10 quilos só de barriga.
Não sei interpretar os tipos de choro.
Mal consigo pegar um bebê no colo, quanto mais trocar a fralda e preparar a papinha.
Parquinhos e desenhos animados são meu maior pesadelo.

Mas quando chega o Dia das Mães é quando penso ainda mais na Júlia.
No quartinho enfeitado de amarelo.
Na primeira risada.
Na cor dos olhos dela.
De tudo que ela vai me ensinar.
As tiradas, as manhas, o cheirinho do pé.
O amor maior que eu jamais imaginei sentir.

Aí lembro da mulher maravilha que sempre tive dentro da minha casa.
Que me levava pra escola, pro violão, pro jazz, pro teatro, pra natação...
Que nos intervalos pagava as contas do banco, fazia as compras do supermercado, trabalhava em 3 clínicas, cuidava de mais umas 40 crianças por dia...
Que ainda era esposa, amiga, mulher.
Ia na massagista, na manicure, no cabeleleiro.
A noite ainda caminhava na praça e ia aprender um pouco mais sobre tolerância, amor, compreensão no centro espirita. Assistia TV. Colocava para dormir. Fazia macarronada.
E no final de semana nos levava pro clube, pro parque, pro circo.
E repetia tudo de novo com meus dois irmãos mais novos.
Bom, ela não parou. Fazia e ainda faz tudo isso.

Me ensinou tanta coisa, principalmente a ser a pessoa mais feliz deste mundo.
E se algo der errado, não me preocupar, tudo passa.
Um dia ela também me disse: tudo isso que você tem medo vai sumir, e toda vocação para ser mãe vai nascer bem na hora que você ver o rostinho lindo da Júlia.

E mesmo quando tento persuadir as minhas amigas recém-mamães para confessar que não pode ser essa maravilha toda, mas elas nunca dão o braço a torcer, eu acredito na minha mãe.

Você também acreditaria se ouvisse ela dizendo tudo isso com a voz mais calma, mais bonita, mais minha.

Te amo mamy.


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