segunda-feira, 20 de junho de 2011

Bullying

Está na moda. Tá todo dia nas manhãs do programa Ana Maria Braga. É assunto de telejornais no interior quando não estão falando de babás espancando bebês. Mas no fundo é tudo a mesma coisa. Você já sofreu. Eu sofri. Nossos avós já sofreram. E fatalmente (ou não) nossos filhos sofrerão.

Tem gente que até acha que é importante para educação da criança. "Formará pessoas que saberão se defender do mundo, da sociedade massacrante". Ninguém pensou em exterminar estes pensamentos bem como esses pais que pensam tanta asneira e a sociedade? Tenho certeza que um molequinho bulinista foi além. Sabia em detalhes como capturá-los, manipulá-los, e numa dose cavalar de crueldade extorquir o que restasse da serenidade deles.

E o que falar das vitimas? Elas tiveram o direito a se defender ou cada dia se sentiam mais acuadas, mortas de medo e angústia por não saber o que as esperava na esquina? Não bastasse serem rolha de poço, 4 olhos, cambitos e pescoço de girafa, nascer fanha, timida, cor de papel, usar blusa de frio no calor, não tirar o cabelo do rosto para tampar as orelhas do dumbo, ser confundida com um boneco por ser uma cabeça menor que os outros, ou simplesmente ter o azar de um nome que rima com: Otávio (Otário), Paloma (Palogra), Tomas (Tomate cru)....

Quando eu era a pequena, minha irmã menor que me defendia. Sempre roubavam de mim nas trocas de figurinhas por papéis de carta e quando eu dizia: "Isso é uma injustiça". Ouvia: "Te pego no balanço".

Tinha uma colega em especial que não deixava passar a oportunidade. Dava uma de machinha para me bater para eu fazer o dever, me bater para eu não contar que me bateu, me bater porque não tinha nada para fazer.

Um dia, saindo da aula de educação física, cismou que o maiô que eu vestia era dela e me bateu até eu tirar. Andei da escola para casa, os infinitos 3 quarteiões, pelada. Ninguém nunca soube pois logo me enrolei em uma toalha e logo ela se suicidou com 15 anos.

Eu nunca apanhei dos meus pais (nem um beliscão) e nunca vou bater nos meus filhos. Fui no enterro abraçar a mãe dela pois sei o valor de uma família. Talvez não lembrasse nada disso se uma amiga em comum tivesse esquecido. Mas ontem ela me disse: passamos o dia no clube quando eu deveria ter ido ao cinema com ela. Será que teríamos impedido? Será que temos culpa?

15 anos depois eu sei. Tudo acontece como tinha de ser. Se eu me esqueci dos tapas é porque já não me lembro da dor.

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