segunda-feira, 18 de julho de 2011

Romântica Goiânia

Peguei o carro e acelerei a toda velocidade. Cada canto da cidade tinha um tanto meu guardado lá. Não eram só lembranças. Era como se o cheiro da saudade pudesse se materializar a qualquer momento. Ali na minha frente eu poderia sentir tudo, desde o primeiro beijo, mas ao invés disso deixava aquelas impressões mais uma vez pra trás.

Sempre venho com pressa, passo como se não quizesse deixar mais rastros. Procuro não estender as mãos a ponto de abraçar o vento, mas algo em mim ainda se apega a época em que eu só precisava dançar nas nuvens com todo o charme e tendo como única preocupação: ser feliz.

Pacata, discreta, deixá-la para mim não foi uma opção. Não me acrescenta em nada as curvas sinuosas, o asfalto escaldado de sol, mas ainda consigo sentir o cheiro das praças floridas, a leveza da saia das meninas, música e mais música de um luar do sertão às bocas rosadas, imaculadas.

Aumento o som. E quando dou por mim estou cantando cada vez mais alto. O motorista do lado olhou e gostou. Eu abaixo a cabeça ruborizada. Vou sem sentido algum para nenhum lugar ou para o meu lugar. Passo dos meus 14 anos aos 29 em quilômetros, pouquíssimos quarteirões.

Seria muita sorte se num desses sinais fechados o passado parasse do meu lado e retribuisse com um sorriso. Mas não aconteceu. Logo eu já estava em casa, sentando em cima das malas para fazer fechar, correndo para não perder o voô, depois de ter voado por mais ou menos uns 20 minutos.

2 comentários:

karoline disse...

Ellen, sempre me identifico com essas palavras tão bem escritas. Quando leio o que vc escreve parece que é tudo o que eu queria escrever, só que nunca escrevi. Adorei essa tão romantica Goiânia!

Ellen Pitillo disse...

obrigada prima, linda são suas palavras. você é o retrato desta cidade tão aconchegante.