terça-feira, 19 de julho de 2011

Em setembro tem hortências

Sinto como se a professora pedisse para escrever uma redação sobre Minhas Férias, mas a verdade é que não posso deixar de dizer sobre a impressão que tive ao voltar em Gramado 18 anos depois. As cores tinham sumido e junto delas aquela emoção de ver tudo pela primeira vez. Mesmo assim não deixou de ser lindo.

Fomos os 4 Pitillos e a Dona Oliveira para equilibrar os ânimos mais exaltados, mas a verdade é que estávamos eufóricos por ter conseguido reunir a família em umas férias de meio de ano. Meu irmão ficou pouco. Tinha que trabalhar logo mais. Minha irmã ficou muito. Ela não costuma aguentar ficar longe de casa por bastante tempo.

Era inverno e esperávamos ver a neve que caia nos noticiários, mas demoramos tanto no aeroporto que a temperatura tinha subido bastante. Lógico que os turistas teimaram em usar seus casacos de couro e peles de carneiro. Gente bonita, elegante e hospitaleira foi o primeiro indicio de que estávamos em terra estranha.

Tinha na memória um caminho cheio de hortências lilases. Agora elas estavam secas contemplando o Lago Negro (inspiração para pintar o meu primeiro quadro).

Tinha na memória um Café Colonial cheio de cucas doce e tortas recheadas. Agora eram chávenas de chocolate quente e frango empanado até entupir.

Tinha na memória o mini mundo com vários bonequinhos em miniatura de um mundo distante. Agora eles estavam ainda menores (eu cresci), cinzentos, contando a história de uma Alemanha que já conheci.

Tinha na memória casinhas de boneca e centros comerciais. Agora eram passeios de trenó no mato e cinema 4D.

Tinha na memória viagens de carro ao som de Chico e o medo de altura do meu pai por não enchergar, meio a névoa, um palmo a frente. Agora era logo ali subindo a serra um templo budista com seus sinos, cultos, pés descalços e uma imensidão de paz.

Conhecemos também um alambique e o cheiro forte de cana de açúcar, o processo de fazer o vinho que sempre termina com a degustação de tintos, suaves, secos em um brinde aos prazeres da vida, uma propriedade rural de 180 anos com uma família tipicamente germânica e suas casas montadas feito lego com madeiras marcadas por números romanos.

Entre um restaurante e outro, uma fábrica de chocolates. O atendimento impecável fazia o spaguete com filé, a sopa de ervilha no pão, a batata recheada, a pizza de metro, e todos os outros pratos ainda mais gostosos. Dava para conhecer 1 por dia sem repetir durante meses, mas como não voltar naquele lugar que o garçom mais parece o seu melhor amigo?

A noite no quarto do hotel eu abria a porta de correr que dava de frente a um lago super bucólico. Era ali que pensava no meu bem. Nas saudades de tê-lo deixado. Mesmo assim, passou rápido. Cada momento com minha família é tão mágico que mal cheguei em Sampa e já gripei.

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