DAD

Não sei se o homem nasce com o desejo de ser pai. Desde criancinha fale a quatro ventos: - Meu sonho é ter um filho para poder brincar com ele, trocar as fraldas de coco, ficar noites em claro levando para mamar. Realmente tenho minhas dúvidas sobre esta ambição.

Na minha opinião, os homens começam a pensar na possibilidade depois que encontram uma mulher bacana, paciente e incansável. Formam uma família. Compram um carro. E se frustam nos campos de futebol. Por que não gerar um novo Ronaldinho? Um herdeiro para achar graça de piadas ruins ou dividir um sofá no domingo a tarde?

O que acontece é completamente diferente. Perde-se a liderança. Acabam-se as regras. Tudo foge do controle. Vira de pernas para o ar. Saia com joelho de fora? nem pensar. Nasce uma menina. Doce, carinhosa, esperta. Nasce uma menina, fora de todos os planos, a menina do papai.

O homem começa a aprender canções, fazer poemas como se respirasse, perder o sono por qualquer bobagem. É rapaz, você está encrencado.

Não importa o que ele faça, não importa o quanto ele tem para ensinar, ele ser 100% presente ou enchê-la de presentes, ele sempre será o único, o maior, a mais linda referência que a filha tem de homem.

Aquele homem que não erra, o homem em quem se pode confiar, o homem que um dia ela quer conhecer igual (mas que nunca vai chegar aos pés), o homem que dá apoio, que escuta, que abraça, que aguarda, que caminha junto (muitas vezes, caminha por ela).

Para a menina, que ele encheu de beijos e apelidou de brotoeja, não existe amor maior. Na verdade, várias vezes é flagrada confundindo as duas palavras (amor com pai).

Porque é só ela olhar nos seus olhos que se derrete feito manteiga. Porque é só ela chegar perto para repousar a cabeça no seu peito. Porque é só ela dizer seu nome para tudo mais em volta perder o sentido.

Pai, paizinho, papai, painho... eu chamo o meu de Dad. Porque ele atende imediatamente, senão o chamaria de José, o amor da minha vida.