O que você diria se perdesse noites de sono, estivesse sem jeito na cama, com uma angústia inexplicável, acordasse às 5h30 da manhã pra poder chegar a tempo no último dia de terapia e ouvisse da psicóloga que você está irritada, impulsiva, insatisfeita, fechada em si, tem baixa autoestima, necessidade de afeto e de segurança, é super dependente, somatiza tudo que acontece em sua volta, é imatura, regredida, inadequada, fantasiosa e ainda por cima apresenta conflito sexual?
Eu diria: Ei, e agora você me diz isso? O que vou fazer com tanta informação? Que espécie de "alta" é esta que despeja na sua cara coisas que você nem compreende e completa com Feliz Natal e um ótimo Ano Novo?
Você diria: A sessão está mesmo encerrada? Não tenho nem 5 minutinhos pra chorar?
Aí você entra no carro (porque a correria não pode parar) quase sofre um acidente de um imbecil que não dá seta mas tem grana (e por isso um carro bem maior que o seu) e com o coração na boca você resolve que se não contar ninguém vai saber, mas que o pouco que você se conhece (que só agora você viu que é bem pouco mesmo) já sabe que a psicóloga esqueceu de acrescentar na lista - influenciável - e que como isso não vai sair da sua cabeça você vai acabar perguntando a opinião dos poucos e bons amigos.
Eu perguntaria: Você acha que amasso a lista, jogo no lixo e nunca mais gasto dinheiro com terapia?
Você perguntaria: Você também acha tudo isso de mim?
É então que você dá abertura de ouvir coisas que não quer e algumas boas verdades, outras nem tão boas assim, sobre o que o mundo enxerga de você. E aí você se sente arrasada, uma criança de 5 anos incapaz de sair de casa, muito menos atravessar a rua sem dar as mãos e depois de tantas constatações se sente tolido de ficar ofendido.
Eu falaria: Tá me achando com cara de doente mental?
Você falaria: Tem coisas que não dependem de mim para mudar e outras que me recuso a mudar pois fazem parte de quem eu sou, e mesmo que você não acredite, eu me orgulho disto.
E você passa o dia como todos os outros tendo como única motivação - faltar 2 dias pras férias - já que nada mais faz sentido na trilogia acordar - trabalhar - dormir. Então você chega em casa, é recebida pelo seu companheiro, que prepara um jantar maravilhoso e reconfortante, olha bem nos seus olhos e convida: vamos embarcar em uma nova aventura?
Aí você escuta atentamente o grande plano que como um passe de mágicas irá resolver todos os seus problemas, até aqueles que você não sabia que tinha (pelo menos não antes daquela manhã) e uma esperança, novinha em folha, em ebulição, toma conta do seu sorriso que não quer mais sair do rosto.
Eu disse: Você já tem todas as respostas, por isso, tem todo meu apoio.
Você diria: Eu amo você.
Um comentário:
Amei o texto..como sempre muito bom..acho q essa terapeuta não sabe que vc escreve tão bem..rs...então pegue o que é importante da terapia, o resto vc joga fora mesmo...as vezes é bom uns cutucões p gente tomar boas atitudes...e seja feliz sempre...mesmo com os momentos tristes..te amo muitoo...
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