segunda-feira, 23 de abril de 2012

Dona Flor e seus 2 maridos

Ontem eu e meu marido fomos ao teatro assistir uma peça incrível. Compramos os ingressos com quase 2 meses de antecedência para garantir um ótimo lugar. E não poderia ser melhor. As cadeiras A7 e A9 correspondiam a primeira fileira, mas eu nunca pensei que também significasse ficar de frente ao Marcelo Faria e a Fernanda Vasconcelos como se fossemos amigos íntimos deles.

E entenda íntimo como íntimo mesmo. Ver de perto os dois nus, em um esfrega esfrega sem fim, e melhor ainda, embasado por uma história realmente convincente.
A nudez, neste caso, não foi mostrada para aflorar qualquer sentido. A tensão da sexualidade exposta estava no ar, mas cada cena era motivo de muitas gargalhadas (talvez por constrangimento das senhorinhas, talvez pela naturalidade inesperada).

Não estou querendo induzir ninguém a aproveitar a última apresentação, no dia 29 de abril, no Teatro Sérgio Cardoso. Imagina. Quando paguei 15 reais pelo ingresso fui a primeira a questionar se a peça valia a pena (já que geralmente as melhores estão no Teatro Abril e são musicais que custam no mínimo 200 reais por pessoa), e agora só estou dando o braço a torcer.

As mulheres se identificam pelo sentimento de eterna incompletude da Flor. Quando ela era casada com Vadinho, tinha muito amor, mas não tinha paz. O cara não lhe dava segurança, conforto e ainda lhe tirava o dinheiro. Era dado a jogatinas, a mulheres da vida, lhe roubando a paz. Ou seja, não era feliz. Quando casou com o Theodoro, teve uma casa, teve dinheiro, teve fidelidade, mas o senhor era muitoooo educado, lhe faltava como homem, na cama. Ela vivia em uma inquietação, porque os dias se passavam sempre iguais. Também não era feliz.

Os homens se identificam com o estilo festeiro de Vadinho, que quer aproveitar a vida, vadiar. E com o estilo de Theodoro, trabalhador, responsável, que vê em sua mulher uma santa e faz de tudo para colocá-la em um pedestal.

As músicas são uma verdadeira serenata, relembrando Caime em um grande coral. Os atores - nem um pouco secundários - interagem com o público, surgindo várias vezes nas escadas do teatro até chegarem no palco. A iluminação impecável faz com que nos emocionemos nas horas tristes e sentimos extrema felicidade em outros momentos.

A Fernanda deve ter 1 metro e 59 de altura e pesar uns 49 quilos, é uma bonequinha, super mignon, e de uma expressividade única. O Marcelo também é baixinho, mas deve chegar a 1 metro e 70, nunca achei ele bonito, mas ao vivo, mudou tudo.



Saiba mais sobre a peça: baseada na obra de Jorge Amado, Dona Flor e seus 2 maridos, conta a história de uma professora de culinária que se apaixona por dois homens com perfis opostos: Theodoro e Vadinho. O espetáculo começa com a morte de Vadinho em um sábado de carnaval. Em seu velório os amigos começam a relembrar suas aventuras. A viúva Dona Flor se casa novamente e fica dividida entre o amor de Vadinho, o marido folião morto que ressurge como fantasma, e do metódico e regular Dr. Theodoro. Um triângulo amoroso vivido na década de 1940, na Bahia.
Dirigido por Pedro Vasconcelos, o espetáculo é vencedor de três prêmios Qualidade Brasil e foi indicado ao prêmio Shell, em 2008.

Por fim, não consegui julgar a Dona Flor e o triângulo amoroso em que se envolveu. Mas abro aqui um debate bem superficial. Se os dois já foram seus maridos, de papel passado e tudo mais, e um completava o outro, podemos dizer que ela estava traindo aos dois ou a si mesma?

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