segunda-feira, 21 de maio de 2012

Minha rainha

Quando eu era baixinha, cantava Ilariê para o meu irmão dormir. Eu tinha apenas 8 anos e conheci o significado de ser fã de alguém. Não fui daquelas meninas espuletas que ralam o joelho e sobem em árvore. Da geração TV, ficava quietinha durante todo o Xou da Xuxa hipnotizada pela verdade que eu conseguia sentir nos olhos azuis daquela loira de xuquinhas. O final do ano era ainda mais mágico, quando todos os primos se reuniam para assistir o especial de Natal.

Quantas cartas já escrevi com beijo para minha mãe, pro meu pai e pra você, quantos sonhos já tive com ela saindo da TV e vindo brincar comigo. Até a minha paixão pelo Rio de Janeiro se deve a atração mais turística do que o Cristo Redentor. Um dia meu pai me levou para um show que ela estava fazendo em Goiânia e logo no começo fui escolhida pela produção para participar da brincadeira da cadeira. Por isso, tivemos que ficar nos bastidores esperando para sermos chamados. Meu primo foi antes e ganhou uma bola. Eu fui só na última brincadeira, mas como deu tumulto, acabou não acontecendo. Lembro da Xuxa indo pessoalmente atrás do palco avisar a criançada (eu) que o show estava terminando mas que iríamos ganhar um presente (um quebra-cabeças super divertido). Eu era a última da fila (sempre uma cabeça mais alta do que as outras crianças da mesma idade) e fiquei ali, sem me mover, fascinada pela Xuxa há 1 metro de mim, enquanto as outras correram para abraçá-la.

Nunca mais tive qualquer ídolo. Vocês devem estar pensando quão doente é este amor desmedido que não recebemos nada em troca. Afinal, ela nem sabe que eu existo. Mas devo a ela o mundo cor de rosa em que vivi e vivo até hoje.

Ontem, a Xuxa, agora com quase 50 anos, fez parte de um quadro do Fantástico "O que vi da vida" onde artistas são convidados para se abrirem com a gente, para serem completamente humanos. Com a Xuxa não foi diferente. O amor que ela recebeu por quase 30 anos foi retribuído da forma mais honesta que ela conseguiu, abrindo o seu coração. Ela contou dos namoros de 6 anos com o Pelé, de 3 anos e 8 meses com o Airton Senna, da proposta indecente com o Michael Jackson, de que foi abusada dos 10 aos 13 anos de idade, de como foi descoberta pra trabalhar como modelo, da oportunidade de ajudar as crianças com sua entidades carentes, de como ela é como pessoa, da sua vaidade, de como é julgada por estar envelhecendo, do seu relacionamento com a família, e mais uma vez me emocionou, como eu sei que também emocionou mais de 18 milhões de pessoa.

As mil que sobraram, com certeza, não tem mais o que fazer do que julgar. Apontar defeitos. Ficar constrangida com tanta honestidade. Puritanos, conservadores, gente que não gosta dela, só pode ser. Ela não fez pra levantar o ibope da Globo. Ela não fez em campanha própria. Ela não fez porque gosta de se expor. Porque o relato que ela deu me fez lembrar o quanto a vida corre depressa e que temos que dizer eu te amo para todas as coisas lindas que acontecem diariamente na nossa vida.

Obrigada Xuxa. Eu te amo do tamanho do universo. Para sempre.





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