sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Júlia

Dizem por aí que ele é de louça e podem apostar, vai quebrar.
Andam dizendo que seu brilho ofusca, mas acredito que me fez cegar.
Algumas vezes posso sentir o sangue correndo como se tudo perdesse o controle.
Em outras, quase não o sinto. Faz de um samba de roda uma bossa nova.
Esse é meu coração e nele cabe muito mais do que os meus sonhos, é grande o bastante.
Vem sempre um vazio invadir o espaço, me cobrando de coisas que não fiz ou não foram ditas. Vem o vazio, meu velho conhecido, amargurar algumas noites no céu profundo da minha boca.

Tendo sorte essa noite me liberto dos pesadelos.
Desperta em mim agora a sensação de um pedaço de sol caindo no meu dia, e antes que termine a melodia da minha caixinha de música, surpreendo-me com uma graciosa bailarina que vem pousar sua paz nos meus olhos.
Rodopiando, rodando, rodando ela baila sobre os meus medos e não quer saber de nada.
Não veio pra preencher o vazio. É bem mais que isso. O que me faz é não ter tempo para pensar nele. Passo a seguir em frente, não mais por simplesmente ter que acordar e dormir todos os dias, mas porque agora tenho um motivo real e que cabe na palma da minha mão.
É como se agora pudesse sentir meu coração mais perto de mim.
Reconheço seu cheiro, a cor da sua pele e o tom da sua voz. É uma linda menina.

Nada dela é meu. Não tem comparação. É autêntica e genial. É única, não é minha e nem de ninguém. Me faz cantar algumas letras que antes não conhecia, a conhecer lugares distantes e outros escondidos dentro de mim, até ensaiei alguns passos de valsa. Ao meu redor nada mudou. Tudo contínua caótico e sem jeito. Mas fiz questão de parar o tempo para admirá-la dançar. O tempo que está todos os dias ali e não damos bola pra ele, hoje ela o pega e estoura suas primeiras bolas de chiclé.

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