sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Um pouco de manhã

Quando ele reaparece, não é impossível vê-la assobiar cores.
É como se carregasse um jardim de nuvens.

Quando ele reaparece, mesmo sem nunca ter voltado, tudo flui.
Leve como um soneto que passa a vida toda esperando pelo maestro.
Regendo sua própria sinfonia. E toda melodia se tornando digna dos seus lábios.

Quando ele reaparece: e-mail, voz ou imagem é possível ver umas borboletas indo e vindo pelos quadris da menina. Percorrendo um todo, como se já o possuísse inteiro.

Assim, de um pouco de saliva e um punhado de lembranças nascerem palavras envaidecidas, envergonhadas, no entanto, sedentas.

Faz brotar saudade nos olhos dela: a menina que espera. E continua esperando.
Quer matar seu desejo. Quer matar e compartilha-lo.
Como se em um instante fosse dois. E no outro, deixasse de ser.

Como se dormir fosse sinônimo de esquecer. Ou a única maneira de seguir em frente.
Agora, alimentada, de barriga cheia, descansa. Conta histórias para voltar a sonhar.
Acorda. Veste-se. Sorri para seu próprio reflexo no espelho. E volta a esperar.

Ela o ama.
Ama da forma mais pura. Ama intumescida de amor.
Ama sem precisar levar com esse amor o peso das cobranças.

Ela o tem.
Quando ele quer. Quando ele chama. Quando ele lembra que ainda não se esqueceu.
E ela esquece. Finge que não percebe que volta a estar em suas mãos.
Às vezes por mais uns meses. Ás vezes por poucas horas (mas certamente intensos e apaixonados segundos).

Ele vai embora e leva um pouco dela.
Ela fica, com o vazio, não sobra nada dele.

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