sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

wallflowers

Muitas vezes ganhamos flores como gesto de carinho.
Flores, mortas.
Exalando seu cheiro, cores, e provocando sensações como num último suspiro de vida.
Elas sabem que já estão mortas, ainda que tenham sido tiradas do pé pelas mãos cuidadosas do jardineiro.

Veio, gentil como sempre. Trouxe flores para se desculpar pela demora.
Ela o esperava há cinco meses. Desde a última vez que se viram.

Voyage. Voyage.
Agora de frente a ele não se lembra porque foi parar ali.
Ao menos não sente arrependimento.

Pegou o carro e nenhum sinal o fez parar.
Acelerou na sua direção, sem pensar.
Seria em vão essa busca sem freios por um momento acolhedor?

Pega em sua mão como se já fosse sua.
Sem tempo para reclames ou anunciações.

Ele já veio. Ela não pode pedir mais nada.
Se sente impotente para dizer. Mas ele decifra o que fica no silêncio.
A olha do avesso sem parecer ser mais tão íntimo.
As palavras se perdem nesse embaraço. Não escuta respostas.
Por segundos, se sentem duas crianças que não sabem mentir ou mesmo onde por as mãos.

Queria ter retribuído. Fazer com que ele também se sentisse confortável.
Ele não estava muito pra romances: conversas ao ouvido, carinho no rosto, o tudo mais que mereça ganhar e perder nessas horas.

Queria ter dado mais dela. Embora seu coração já fosse todo dele.
O homem da casa. A mulher das portas abertas.

Ela agradece pela visita. Ficou lisonjeada.
Mas desconhece completamente os motivos dele não ficar mais.

Agora se sente triste, pois se deu conta de quantas flores mortas já ganhou.

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