domingo, 6 de abril de 2008

Isso também passará

Antes de você eu trouxe muito de mim.
Uma bagagem imensa com a rodinha quebrada.
Eu trouxe um enlouquecido amor, uma caixa de cartas de conhecidos esquecidos, um violão desafinado de cordas frouxas, e um segredo, antes de você.
Tudo era calmo, certo e eu caminhava concreta mas totalmente perdida. Era essa minha vida, não me lembro de ter feito qualquer reclamação.
Você veio, se alojou, virou tudo pro alto, rasgou minhas cartas, pôs fogo nas fotos, fez uma canção com meu nome e sem qualquer explicação eu deixei que ficasse. Eu gostei.
Ficou, sorriu, me fez chorar, me fez tremer, gozar e ainda hoje a falta de ar me visita nos momentos tristes ou mesmo de pura euforia.

Depois de você passo os dias sozinha.
Às vezes um pensamento de querer te encontrar amanhã e um pouco mais chega a me deixar tonta. Me enfeito pra você, e o que vê dura alguns segundos pra sempre.
Meu segredo? Eu esqueci.

Nem antes, nem depois de você.
Hoje você me diz que cansou. Olha dentro do meu armário (que bagunça!) e corajoso diz sem pensar nas consequências: eu não acredito mais em você.
Eu queria dizer que está certo quando diz que não te engano. Que estou só me enganando. Engana-se. Tudo que me afeta também lança suas águas a você. Entra por cada buraquinho, absorve e deixa-se escapar.
Mas não posso mentir, não agora. Sofremos nós dois.

Nem antes ou depois, mesmo tendo te pegado pra Cristo e como referência desse colapso que se chama vida eu durmo. Fecho meus olhos pra passar mais rápido, voar o tempo da solidão, e um dia você chega. Chega. Não se ofenda. Esse momento vale mais do que nada.

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