terça-feira, 8 de julho de 2008

PRIMEIRO DIA

A viagem atrasou um pouquinho, mas depois de 22 horas enfim, cheguei em Amsterdam.
Achei que nada fosse me incomodar. Fazia 19 graus e eu surpreendentemente conseguia me comunicar muito bem. As malas chegaram sã e salvas, tirando alguns arranhões. E só faltava eu pegar o trem até o hotel reservado. A imigração só pediu pra ver a carta de que eu viria estudar na Europa e conferiram 4 vezes meu passaporte, mas até aí, tudo ótimo. Eu hora só felicidade quando decidi enfim avisar minha família que havia chegado e estava maravilhada. O cartão não funcionava no aeroporto. Depois de parar vários estrageiros questionando Do you know how can i call to brazil? Eu percebi que eu teria de arranjar outra forma de ligar. Desisti de carregar minhas malas que pesavam mais de 24 quilos cada pela cidade afora e peguei o primeiro táxi para o hotel slotania.
O táxi, top de linha, era uma BMW zerinha com teto solar, o taxista não ficava pra trás. Conversamos bastante e ele me indicou uma casa pra morar por 400 euros. Peguei o telefone e se eu conseguir enrolar no Alemão quem sabe o locatário não alugue pra mim. Isso é outros 500, ops 400.
Do táxi ao hotel fiz vários malabarismos pra conseguir carregar as malas. Uma mocinha muito prestativa que passava na rua foi quem me ajudou.
Enfim o recepcionista que só falava japonês verificou minha reserva e me mandou pro quarto 187. Lá vou eu na luta com as malas em um carpete super velho de um corredorzinho estreito. Era eu e as malas. Enquanto no fim do corredor polancos faziam uma fila como se estivessem drogados. Todos de óculos de sol e praticamente sem roupa, me encarando. Passei por eles como se não existissem. Até que um perguntou se eu era Marroquina e fingir não entender afinal seriam meus vizinhos barulhentos.
Nesta hora eu só sabia agradecer ao meu pai por ter alugado um quarto single.
(vide fotos do quarto). Só pra começar me deram um cartão pra abrir a porta quando eu precisava mesmo era de uma chave. E depois que consegui explicar e abrir a porta, eis que deparo com um espaço que cabia somente a minha cama, sem tv, sem ar-condicionado e o chuveiro que mal saia água molhando o reduzidíssimo espaço que restava. Já era 3h32 eu estava com fome e agora muito, muito calor.
Sai pra arranjar uma maneira de ligar aos meus pais. No caminho passei por um saguão com computadores e foi quando percebi que justo esse hotel não tinha rede wi fii.
Atravessei a rua e consegui enfim uma maneira de ligar pros meus pais. Ao pedir a ajuda a um atendente lhe disse que era brasileira. A partir daí tudo que ele tentou foi trocar os 1 euro e 50 da ligação por uma visita amigável até o hotel.
Mas uma vez tive que fingir de besta e corri pro meu quarto. Se posso chamá-lo assim. Os meninos drogados ainda me esperavam no corredor. Seriam inofensivos se eu soubesse como lidar com eles mas preferi ignorar. Tranquei minha porta 3 vezes e entrei debaixo do chuveiro de calcinha e sutiã. Tudo porque tenho a leve impressão que a rua toda pode me ver nua daqui.
Agora já faz mais de 30 graus. Estou derretendo. Vou vestir uma roupa mais leve e mesmo tonta com esse fuso horário pretendo enfrentar a cidade até o Centro. De lá vou procurar uma lan house pra mandar notícias e sinal de vida. E por fim tentar achar a agência que fica na região Singel e dizer pra qualquer responsável. Por favor, me ajudem a encontrar um lugar pra morar e uma menina pra dividir o apê comigo.
Bem, é isso. Acabo de comprar uma máquina nova. Vou testá-la por aí e volto antes de anoitecer. Medooooo.

Saudades da normalidade,
Ellen Pitillo.

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