terça-feira, 8 de julho de 2008

TERCEIRO DIA

Eu tenho uma observação a fazer. Hoje choveu o dia todinho, mas continua quentíssimo. Lavo meu cabelo e ele fica seco em 10 minutos. Minha mãe sabe bem que isso é inacreditável.
No supermercado não te dão sacolas então compre o que conseguir carregar.
E quase nunca aceitam cartão. Por isso preciso decorar a bendita senha pra retirar dinheiro quando preciso.
Não fale com estranhos. Eles vão te chamar pra sair depois do expediente ou fazer uma proposta de casamento.
Por quase o mesmo motivo, compre comida no mercado. Nos restaurantes trabalham homens, ou mesmo o que compra como, por exemplo, um refrigerante gelado pode custar 2 euros, enquanto quente custa 19 centavos de euro. Ou seja, estou tomando quente mesmo.
Para madrinha Mara, descobri porque quase tudo aqui começa com VAN. É como de fosse de tal lugar a tal. Tipo lugar de origem.
Estou cansada de procurar apartamento e não poder confiar nas pessoas. Desde Goiânia achei um pela internet com a localização ideal (pertinho da Miami), espaço de sobra e tudo muito bonito pra ser verdade. Fui visita-lo depois de entrar em contato com o proprietário. Mas me esqueci de um pequeno detalhe. Pelos e-mails que trocamos ontem ele está na África e a esposa com a filha em New Jersey. Quer 700 euros pra me mandar as chaves e a documentação. Conversei com ele sobre honestidade e queria muito aquele apartamento. No entanto, eu não tenho verba pra arriscar por ai. Acho que perdi. Que pena. Digo, infelizmente mesmo.
Amanhã às 11h tenho que fazer o check-out e não tenho pra onde ir. Espero só que o Hugo consiga chegar na hora certa pra me ajudar com as malas pesadas que apropósito não tenho onde deixar.
Hoje o dia não começou bem. Preciso começar a pensar numa senha de SOS ou usar minha cara de mal. Fui acordada por um telefonema que pensei que fosse da recepção. Não sabia que horas era. Será que dormi tanto assim e o Hugo já chegou?
Levantei o mais rápido possível, troquei de roupa e como não tinha olho mágico na porta. Abri. Um rapaz bem alto estava na minha porta com um controle remoto. Custei a entender o que ele queria. Fingi que não falava inglês. Enquanto ele dizia: teste o controle, não funciona, quero ver um filme. Eu entrei no meu quarto e usei o controle dele. Como eu previa: funcionou. E ele tentou entrar no meu quarto forçando o corpo com seu peso. Eu empurrei ele e joguei longe o controle. Ele fedia a Jack Daniels. Me tranquei no quarto e fiquei quietinha, embora tenha ficado muito nervosa. Liguei o notebook pra olhar as horas. Eram 7h20 da manhã. Não peguei mais no sono.
Mais tarde, fui numa feirinha na rua em frente e comprei uma bata de 2 euros, lindíssima. Foi o que salvou no meu dia. Depois que a vesti fui esperar o Hugo na recepção. Esperei 2 horas. Se eu soubesse teria ficado no quarto.
Enquanto esperava na recepção um homem veio da rua, entrou no hotel, me deu seu telefone e me propôs casamento. Que coisa!
Enfim, depois de esquentar bem o sofá e a cabeça, o Hugo chega com a namorada. Levina diz que aqui se cumprimenta com 3 beijinhos. All right. Ela um doce, simpática e bem direta. Veio porque estava com ciúmes. Mais do que de imediato eu mostrei pra ela minha aliança. I am fianceé 3 days ago. So happy. (I am Ellen Pitillo take you Alexandre Salinas to be my husband). E ela me levou na rua em que precisava ver o apartamento. De lá pegamos o trem n´[úmero 17 sentido casa do Hugo pra comprar um celular. Foi melhor assim. Agora posso falar com meus pais sem me expor tanto e economizando um bocado. Além de que é um Sansung vermelho fofinho. 0681456067
Hoje comi castanha de caju com Coca quente e um donuts de sobremesa. Melhor do que a rúcula com patê de soja de ontem. O homem que me vendeu o Donuts ofereceu um emprego. Também queria me dar um café de graça e um colar, mas não aceitei. Lógico.
Agora estou aqui. Vou falar com meu amor logo mais. (Tem uma menina de toalha no corredor e pelada. Que loucura!) Espero que esteja tudo bem com meu noivo e que as emoções por hoje tenha acabado. Preciso fazer mais ligações para imobiliárias. I am a homeless. Sem teto no meu País.

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