sábado, 7 de março de 2009

Uma metrópole que pulsa

A cidade cinzenta muitas vezes comparada a São Paulo: Londres, abriu o sol e iluminou o céu para esperar a minha chegada. Pelo menos foi essa impressão que tive quando mais uma vez tudo parecia estar contra a minha ida (a não ser minha família e o alexandre).
Há pouco folheava meus cadernos numa busca desesperada de alguma idéia de campanha que já tivesse sido aprovada no trimestre passado mas eu ainda não havia executado o layout. Eu tinha me proposto a correr contra o tempo e apresentar 10 campanhas novíssimas para o diretor da especialização que, ao ver meu portifólio, disse que eu não tinha o nível dos alemães e talvez não pudesse me dar o diploma. E nestes cadernos pude ver várias vezes que vinha planejando essa viagem. Desde 26 de agosto, estava estudando mapas, onde iria ficar e os lugares que deveria visitar. E depois de pensar tanto, escolhi justo o dia em que teria que apresentar o trabalho final ao diretor e apresentar uma campanha da Audi para o cliente. Era o dia D, aliás dia L, mas fiz que fiz e consegui consciliar tudo. Briguei com uma amiga que me disse que estava sendo imprudente viajar num momento tão crucial como esse e briguei com a atendente do guichê que me disse que eu não tinha visto para a comunidade européia.
- Eu tenho um visto.
- Mas o seu é da Europa, não de Londres.
- E como faço pra pegar de Londres?
- Não faz.
- Não vou perder essa passagem de novo, não mesmo.
- Mas como me prova que vai voltar?
- Eu tenho passagem pro Brasil.
E foi essa bendita passagem pro Brasil e a minha real vontade de voltar a minha terra que fez com que eu conseguisse passar pela migração.
Na volta até me pediram pra falar em Alemão para provar que eu morava aqui e teriam que me deixar entrar no país para graduar.
Dá tanto nervoso que chega a ser engraçado. E ver minha amiga, mais uma vez me esperando, foi muito bom. Digo mais uma vez porque nos conhecemos há exatamente 10 anos (e foi ela quem lembrou desse detalhe)e desde então sempre nos encontramos: em São Paulo, em Amsterdam, em qualquer parte do mundo. Outra sorte que tive foi que ela tinha acabado de se mudar de uma casa com 12 pessoas para o apê de uma amiga em Aldgate (pertinho da tower brigde). A amiga tinha viajado então ficamos bem à vontades lá, apesar de eu nunca acreditar que ela dorme bem por termos sempre que dividir a cama.
Fomos direto do aeroporto para o apê dela e dormimos cedo (o aeroporto fica há 2 horas de lá, foi mais uma viagem). No outro dia, o despertador tocou às 8h30. Eu já tinha acordado, estava ansiosa. Fomos nos aventurar à pé e nos perdemos nos primeiros quarteirões (o que me rendeu belas fotos), então voltamos e pegamos o famoso ônibus vermelho de 2 andares. Foi o máximo.
Primeira parada: A ponte de Londres. Não sei o que acontece mas sempre os primeiros lugares que vou em uma cidade são os que mais que impressionam. E foi assim: aquela ponte com toques azuis claros e imponentes me fez ter certeza de que eu não estava enganada sobre Londres. Ao lado, um castelo no meio de tudo, que nos transportava imediatamente para outra época.
Continuamos o passeio conhecendo a Catedral de St. Paul, a ponte do rio Tames, a London Eye, Big Ben, Trafalgar Square, Picadilly Circus, Oxford Street.
A London Eye (maior roda gigante do mundo), é muito bonita de se ver, mas considerando que tenho medo de altura e de gastar 50 libras por uma volta de meia hora, resolvi seguir os conselhos da Tatá e "não perder tempo" em ver prédios e mais prédios do alto. Mas sim, perder tempo, babando no parlamento. Imediatamente me lembrei do filme V de Vendeta, e todo aquele importante monumento desaparecendo com uma explosão. Da torre do relógio a praça dos leões foram só 3 quarteirões. Não teve muita graça. Logo chegamos a praça do cupido, com uns 5, 6 outdoors luminosos na rua, é a conhecida Picadilly, mas juro que pensava que seria uma rua inteira assim. De um lado os outdoors, de outro uma loja da Nike de 7 andares com tudo baratinho. É ali que começa o comércio de Londres e onde tem os barzinhos mais badalados, mas não saímos a noite para conhecer. Dizem que SOHO também tem uns pubs bem movimentados.
Comecei a sessão lembrancinhas para meus irmãos mas terminei logo (ao trocar 20 euros o cara só me deu 11 libras, ou seja, um roubo). Paramos no KFC para um almoço rápido. Já provaram milhos de espiga de lá? Nunca comi nada tão macio.
Seguimos para Oxford com suas centenas de lojas de grife e umas vitrines incríveis de se ver. Mas só entramos em uma: Prime, paraíso das compras, que comprei uma pijama de zebrinha por 3 libras, muito fofo. De lá fomos para um lugar chamado Nothing Hill, queríamos chegar antes de anoitecer. O sol continuava lindo e passamos por vários jardins até o local onde Hugh Grant conquistou Julia Roberts. A livraria é mesmo muito bonitinha, está reformada mas podemos visitar se quiser. E a Porto Bello Road é apenas uma rua do bairro cheio de barraquinhas de frutas e verduras, mas a feira só acontece ao domingo. E onde fica o Palácio de Buckingan? Acho que só falta conhecermos lá. Esse era um pouco mais longinho e para chegar tinhamos que atravessar um parque lindo, todo florido (mesmo nessa época do ano) e cheio de esquilinhos. Minha amiga tinha uns cookies na bolsa e resolveu chamar a atenção de um deles com a comidinha. Chamou mesmo, de um, dois, três e quando vimos estávamos correndo de esquilos famintos que quase entraram pela minha calça. Quem disse que eles tinham medo da gente? Assim chegamos mais rápido na casa da Rainha. Não vimos a troca de guardas mas vimos os guardinhas parados na porta, imóveis. O palácio é muito bonito, mas sinceramente, um pouco velinho. Está precisando de uns retoques de tinta. Mas tudo lindo, lindo, lindo.
Então tive a brilhante idéia de pedir a Tatá pra voltar em Picadilly e comprar um moleton que vimos por lá. Decidi que merecia me dar um presente.
Na primeira loja o turco, que dominam todos os comércios da Europa sem dúvidas, me disse que só tinha moletons para mulheres. Fiquei pensando comigo mesmo,agora sou o quê, homem ou baleia? Na segunda loja a história se repetiu com uma pequena modificação. O moleton estava no alto então o vendedor precisou subir em uma escada. Quando ele perguntou: Não é para a sua amiga? e eu disse que não, era pra mim. Ele devolveu na hora o moleton pro cabide e disse que para mim não seria, que eu era muito gorda. Terceira loja e tudo igual. Não pude pegar no moleton que o vendedor estava com medo de eu alargar a peça. Na última para minha felicidade, tinha exatamente o moleton que eu havia escolhido, com um bordadinho discreto, e o vendedor me disse que eu tinha ficado muito linda com ele. Nisso, ainda consegui um desconto de 4 libras. Perfeito. A cura rápida para a minha auto estima. E para celebrar tudo isso um jantar no restaurante onde a Taís é garçonete.
No outro dia não tinhamos nada para conhecer, então demos mais uma voltinha na cidade tentando achar uma loja chamada Harrods. Foi completamente em vão.
Minha amiga me levou ao aeroporto, eu ainda estava um pouco perdida com as linhas de metrôs e me deu um abraço muito apertado com uma lágrima nos olhos. Foi um dos melhores presentes que ganhei nos últimos tempos. E apesar de ser tão difícil de entrar, eu tenho agora um visto de mais 6 meses do Reino Unido. Então, vocês acham que não vale a pena?

Um comentário:

Anônimo disse...

só passei... bj
boa sorte
Reginaldo