quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Último capítulo do Caminho das Indias

Sabe quando vocês dizem: isso só podia acontecer com você.
Não foi desta vez. Mas aconteceu com uma amiga muito próxima, com a mesma cara de “eu nunca te negaria nada” que sempre resulta no “pode abusar”, “estou acostumada”, “faz parte da minha boa ação da semana”.
Pois é, ela ganha de todas. Não só porque tem aquela cara de pura, mas por ter um coração enorme e completamente indefeso.

O abuso da vez foi ela, a caminho do serviço, na verdade há 1 quarteirão para chegar no horário certo, resolver parar na doceria para comprar balas de coco para os colegas de mesa.

Ela estava mais feliz do que nunca, depois de ter comemorado o aniversário do noivo e de lambuja conquistado um lugarzinho no coração da filha de dele.

Quando, de repente viu seu carro ser invadido por um casal de velhinhos.
Eles se enganaram do carro? Erraram a cor? Eram assaltantes? Seria um seqüestro.
Todas essas perguntas se calaram quando a velhinha quase implorou: - Minha filha estamos muito cansados. A gente não consegue dar nem mais um passo.
Meus joelhos estão machucados. Me leve até em casa, na Portugal.

Cacau, este é o nome da vítima, não teve reação. Não pediu para ver o joelho da velhinha que beirava os 90 anos. Não começou a gritar e expulsar os velhos a base de bengalada. Não disse: - Está pensando que sou um táxi?
Apenas seguiu o caminho por mais tortuosos 20 minutos, em um trânsito que de hábito já é um caos.

Imagine o carro todo fechado para não ventar no cabelo da velhinha, com um calor insuportável que simulava uma estufa em perfeito funcionamento, fora a sintonia de dirigir há 20 quilômetros por hora, sem o privilégio de frear bruscamente ou xingar os outros motoristas que não usam seta, não usam acelerador e não usam sensatez.

E continuando a nossa história com o tema: Coisas que só acontecem em Ribeirão Preto. No meio do caminho, a velhinha começa a soltar rogões ecoantes e constrangedores. E trá trá trááaaaaaaaaaaaaaa para um lado. Trác, traaaaaaaá, trac pro outro. Quando a velhinha finalmente chega em casa e você percebe que o problema dela era uma diarréia e não o joelho, tudo fica mais impressionante ainda quando ela diz:

- Obrigada minha filha. Obrigada mesmo.
Sabe, eu não podia incomodar meu filho. Ele estava ocupado, indo pro trabalho.

Um comentário:

Anônimo disse...

putz..q velhinha folgada,as outras pessoas tambem trabalham..rs,rs..