terça-feira, 24 de agosto de 2010

Doi pra quem fica

Estava vendo umas fotos de um amigo no último dia de trabalho. Era notório aquela cara de felicidade triste, como toda criança de 4 aninhos que se força pra sorrir na foto mas ainda não aprendeu como fazer isso espontaneamente.
E mesmo todo mundo sabendo que ele ficaria mais realizado e seria mais reconhecido em outra agência, depois de 5 anos ali já fazia parte, como um móvel velho e confortável.
Então me lembrei quantas vezes já tive que me despedir e que incrivelmente a sensação acaba sendo bem semelhante. Lembrei das cartas que escrevi e não guardei talvez porque já soubesse que as pessoas que ficaram deixariam que as minhas palavras, aquelas palavras, morressem tão breves quanto.
Me lembro de quando percebi que não gostava de dizer tchau. Ficou bem claro quando na festa de formatura da faculdade, observei de longe todos os meus amigos dançando no meio da pista e eu indo embora sem dizer ao menos um até logo, sucesso ou desejando felicidades.
Depois essa atitude foi ficando mais notória quando eu passei a ir embora das festas sem avisar a ninguém. Saia sempre na melhor hora quando nada poderia estragar o momento.
Até que um dia, mesmo sabendo que ninguém é insubstituível, fui surpreendida por dois amigos que prepararam uma linda festa surpresa pra mim. Eles pensaram em cada detalhe com tanta sensibilidade que ali pude estar mais perto do que chamam de coração. O coração que nem a distância separa, muito menos o tempo.
Ainda vou me despedir muitas vezes. Mudar de trabalho. Conhecer gente nova. Até deixar me enganar achando que fiz uma verdadeira amizade. Mas sei que essa amizade vai durar o tempo da convivência ou mesmo da conveniência. E ninguém é do mal só porque as circunstâncias mudaram.
Assim como para o fim de amor, o tempo é nosso maior aliado.
Hoje tento não sair mais sem dizer tchau. Hoje eu curto a dor e a solidão do momento. E embora que isso implique em muitas lágrimas e tudo isso perca rapidamente qualquer significado eu dou um abraço silencioso de eu te amo.
Se eu tivesse guardado as cartas hoje teria um livro. Se eu tivesse guardado os amigos hoje seria um deles: inesquecível.

2 comentários:

mmdesigner disse...

Lindo! Os teus textos sempre me encantam. Obrigado!

Roberta disse...

e eu sou fã de longa data , sem direito a despedida.