sexta-feira, 25 de março de 2011

Em pedaços

Eu não poderia imaginar. Nunca. Era capaz de apostar a minha vida e... bem, perder.
Passei a semana tentando encontrar metáforas, dando outros nomes para a tristeza, custei a aceitar que o fato é só um. Minha melhor amiga da vida toda não me acha mais capaz de assumir tal posto. Onde foi que eu errei? Fui eu quem acabei a afastando de mim? Por que eu não estava ao lado do telefone quando ela mais precisou? Em algum momento demonstrei impaciência, não me importar, não amá-la como ela merecia? Oh Meu Deus!

Por que quando ela pediu por um tempo eu não barganhei para não passar de uma semana? Por que quando ela me perguntou o que eu faço, eu não peguei o primeiro ônibus e corri até a sua casa para abraçá-la? Eu simplesmente não sei. Na hora pensei que seria o melhor a fazer. Dar a ela o que ela estava me pedindo. Sem lições de moral. Sem dizer que logo vai passar. Ou falar que ela só vai dormir se parar de trocar a noite pelo dia (como se só dependesse dela).

Ela está mais que certa. Pela primeira vez está sendo guiada apenas pela sua cabeça. Mas a menina que eu conheço, mais do que a mim mesma, ela é todo coração. Ela é a pessoa que cultiva, a pessoa que não esquece datas, a pessoa que se entrega, a pessoa que embeleza, a pessoa que sofre, a pessoa que espera, a pessoa que contempla, minha nega, só minha.

Já passamos por tudo juntas. Desde momentos de muito nervosismo quando arrebentei a joguinha dela no portão, aqueles em que não era preciso dizer nada. Todos admiravam ela, a mais cobiçada do Jaó, a mais amiga também. Que sonhou com o meu primeiro beijo e me ensinou a maquiar. Para onde eu ia ela ia atrás. As cidades nunca foram distância para nós. E por que só agora nossas diferenças começaram a fazer este enorme rombo?

Ela já viveu centenas de vidas mais do que eu. Ela já sofreu milhares de vezes mais do que eu. Ela já batalhou, caiu e se levantou trocentas vezes mais. E por causa disso, eu não sou capaz de entendê-la?
Quem não viveu o mesmo não pode ajudar? O que eu estava fazendo este tempo todo então, senão compartilhando tudo com ela?

Desde que me entendo, me conheço, nunca terminei nada. Os meus namoros, eram eles que diziam quando chegava ao fim. Passei a vida aceitando, me convencendo que se tinha que ser assim, seria. E por ter carregado toda angustia sempre em silêncio (só repartia com ela), aprendi a me calar e a não voltar atrás, principalmente nas decisões que afetam a minha vida mas não foram tomadas por mim.

Hoje, faço uma força imensa para quebrar o ciclo. Para entender que talvez seja bom para nós duas, quando estivermos prontas essa amizade pode voltar sem qualquer cobrança, mais leve. Talvez seja bom pra ela, e se é, eu devo deixá-la recomeçar do zero, mesmo que doa. E está doendo muito.

Mesmo que tudo isso não tenha nada a ver comigo, se a intenção era exatamente o contrário (não me magoar, não me preocupar), estou quebrada por dentro.

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