segunda-feira, 25 de abril de 2011

A falta que você me faz

Se ela morresse amanhã, ninguém poderia dizer que não foi avisado. Todos sabiam que há meses já não vive e concedeu a graça, aqueles que ainda não se despediram, de ficar um pouquinho mais.

Não foi mais um coração partido. E sim, uma vida sem sentido. Quando alguns amores não sobreviveram a doenças, acidentes de carro, e ela não sobreviveu a dor de vê-los partir. Quando a pouca esperança que restava não existe mais a partir do momento que percebeu que mesmo sendo digna de ser amada, não existe uma só pessoa merecedora do seu amor.

Meus olhos nunca cruzaram beleza mais estonteante. Meus ouvidos nunca ouviram canção tão emocionante (em um timbre de voz meio country, meio romântico, regado a bastante coca-cola). E nunca senti um cafuné mais verdadeiro que fizesse qualquer tristeza ir embora rapidinho.

Um dia ela não pode dar mais o que não tinha. Um dia ela me disse que não tinha coragem para morrer, mas infelizmente temo que ela não tenha é coragem para viver. Não mais. Não depois de tanta luta.

Se ela morresse, o que sobraria para sua mãe além de doença, traição, chinelos velhos para bordar, lembranças da última discussão e um terço de fé nos dedos calejados?

Se ela morresse, o que restaria para o pai além da falta de amor, negação do perdão, a certeza de ter desistido antes mesmo do fim, a impotência de não ter tido forças quando ela mais precisava?

Se a minha nega morresse, o que seria de mim? Um quarto bagunçado e vazio? Um sorriso de canto de quem fracassou mais nunca deixará de amá-la? Brincos sem orelhas para me ouvir, roupas sem aqueles braços lindos para me aconchegar, algumas cartas, todas as fotos, e lugares que só a ela cabia endereçar, a grande presença do ausente aumentando a cada dia as saudades não importasse quanto tempo já havia passado.

Eu não sei o que fazer com a sua dor, mas também não sei o que fazer com a minha. E se um dia você morrer antes que eu prometa deixar uma carta de amor e, assim que puder, a cada nascer do sol, voltar para pegar a minha mão. De vez em quando também, aparecer nos meus sonhos dizendo que não tive culpa, que eu fiz o possível. Mas assim como todos, também não fui merecedora.

O mundo é muito sujo, muito triste, muito cruel para olhos tão puros. E serei mais uma egoista se nunca deixá-la descansar.

Te amo mais do que todas as palavras. BFFT de coração para coração.

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